De janeiro a setembro deste ano, 30 motociclistas morreram e 1.386 ficaram
feridos em acidentes de trânsito
Quem trafegar pela Avenida Bonocô, no sentido Acesso Norte, vai ter
a atenção despertada para um painel. Não se trata um anúncio publicitário, mas
de uma campanha educativa para chamar a atenção dos motociclistas. É que
o painel faz uma contagem mensal do número de motociclistas vítimas de
acidentes em Salvador. E o alerta não é por acaso. Eles são os
responsáveis pela maior taxa de mortalidade no trânsito na capital baiana. O
painel é uma iniciativa da Superintendência de Trânsito de Salvador
(Transalvador), em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária
Global.
De janeiro a setembro deste ano, 30 motociclistas morreram e 1.386
ficaram feridos em acidentes de trânsito. As vias da cidade que registram o
maior número de motociclistas mortos e feridos são as avenidas Paralela,
Afrânio Peixoto, Antônio Carlos Magalhães e Mário Leal Ferreira
(Bonocô). O superintendente da Transalvador, Marcus Passos, explica que
diante do aumento no número de motos circulando na cidade, desde o início da
pandemia e consequentemente, do número maior de acidentes, o órgão de trânsito
viu a necessidade de fazer mais ações voltadas para os motociclistas.
“Observamos que excesso de velocidade,
desrespeito ao sinal vermelho e a outras sinalizações são os principais abusos
cometidos pelos motociclistas em Salvador. Essas condutas perigosas colocam em
risco a integridade dos mesmos e devem ser evitadas. Assim, o painel serve como
um alerta, para conscientizar este público a agir de forma segura no trânsito e
a se preservar”, explica o superintendente.
As infrações cometidas pelos motociclistas,
entre os meses de janeiro e setembro de 2021, tiveram redução em comparação ao
mesmo período de 2020. Neste ano, o número chegou a pouco mais de 31 mil. No
ano passado, foram quase 41 mil. A principal infração cometida foi transitar em
velocidade superior à máxima permitida em até 20%, com mais de 17 mil
notificações, em 2021, e mais de 27 mil em 2020.
O estudante Carlos Ribeiro pilota moto há
três anos. Aos 27 anos, trabalha como motoboy para aplicativos e alerta para os
cuidados necessários para evitar acidentes. Ele, que já se envolveu em colisões
no trânsito, hoje procura ter mais atenção ao trafegar pelas vias da cidade.
Os principais cuidados destacados pelo
motociclista são não andar em alta velocidade, evitar manobras perigosas,
redobrar a atenção em época de chuva e atenção ao usar o freio. Outro ponto
alertado por ele é sobre o uso de celular. “A galera gosta de usar celular em
moto e acho isso muito arriscado, eu evito ao máximo, pois já tive colegas que
sofreram acidente por essa razão”.
O também estudante Jefferson Cerqueira pilota
moto há cinco anos. Ele já sofreu três acidentes e, em um deles, fraturou o
ligamento da perna direita, um trauma que ficou para toda a vida. Hoje, procura
ter atenção a todo o momento, olhando para todos os lados, tanto para o passeio
e para pedestres, quanto para condutores de outros veículos, a fim de que
percebam a sua presença. “Acho que os condutores de outros veículos e pedestres
também precisam ser conscientizados, pois em diversas ocasiões o problema é
ocasionado por eles”.
Ao longo deste ano, a Transalvador tem
promovido ações de conscientização nas ruas da capital baiana e mantém,
permanentemente, desde 2019, um programa de educação para o trânsito chamado
Vivo na Moto. No programa, a autarquia já promoveu diversas ações pontuais
voltadas a esses condutores.
Essas iniciativas visam a conscientização e
previsão de acidentes. Dentre as ações estão palestras, cursos gratuitos de
pilotagem segura, ações de comunicação de massa, distribuição de materiais e
jornais educativos, rodas de bate papo em bairros, autoescolas com grupos de
motociclistas.
A autarquia também realiza constantes ações
de fiscalização, para coibir infrações de trânsito, que são as principais
geradoras de acidentes, muitos deles fatais. Ainda com o objetivo de evitar
infrações, a superintendência promove blitze em conjunto com outros órgãos,
incluindo a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal, visando inibir condutas
irresponsáveis no trânsito.